Direito Nosso

Casa Viver

Pr. Raoni Menezes e Dr. Gilberto Garcia
Os pesquisadores, neste caso do Programa Nacional de Prevenção ao Uso de Drogas (“Movimento Viver”), apontam em seus materiais impressos, dos quais transcrevemos os denominados “(…) Fatores de Proteção e os Fatores de Risco, que respectivamente, dificultam o acesso e a utilização as drogas, e de outro lado, criam um ambiente favorável ao consumo, sendo estes – Fatores Pessoais: Proteção – Autoestima desenvolvida, Risco – Insegurança; Fatores Familiares: Proteção – Pais que acompanham as atividades dos filhos, Risco – Pais muito exigentes; Fatores Escolares: Proteção – Bom desempenho escolar, Risco – Baixo desempenho escolar; Fatores Sociais: Proteção – Informações adequadas sobre as drogas e seus efeitos, Risco – Colegas Usuários; ainda, outros de Proteção estão relacionados ao bem-estar emocional, o apego à família, a responsabilidade do cuidado dos pais com os filhos, altos níveis de acolhimento familiar, regras consistentes e claras, encorajamento à participação das crianças nas responsabilidades da família, ambiente de sustentação emocional, envolvimento dos pais nas atividades relacionadas à escola, comunidades e escolas organizadas. Esses são fatores que diminuem a possibilidade dos adolescentes e jovens optarem pelo uso de drogas. (…)”.
“(…) Fatores de Risco podem envolver negligência e abuso na família, falta de envolvimento dos pais na vida dos filhos, falta de disciplina, uso de substâncias e aprovação do uso por pais ou irmãos, traços de personalidade, falta de ambientes favoráveis ou vínculos quebrados nas escolas e comunidade, processos biológicos, entre outros. A ciência da prevenção demonstra que os ambientes tornam-se saudáveis e seguros quando se multiplicam os Fatores de Proteção, e, reduzem-se os Fatores de Risco, tornando o ambiente resistente ao uso de drogas. Essa pode ser uma das estratégias que somadas a outras podem prover proteção a crianças (…)”, a estes movimentos somam-se outros vários esforços, entre os quais destacamos: “Todos Contra as Drogas”, do Ministério Público de Mato Grosso, a Frente Parlamentar Mista de Combate ao Uso de Drogas, composta de Senadores da República e Deputados Federais, em Brasília/DF, o movimento conhecido como “Alcóolicos Anônimos”, “Narcóticos Anônimos”, e diversos outros grupos de ajuda a usuários de drogas, lícitas e ilícitas, além do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, mantido pela Polícia Militar nas Escolas, e, ainda, iniciativas como a do Centro de Juventude Cristã, que disponibiliza o “Curso Resgate & Vida”, visando prover capacitação de voluntários para prevenção do uso de drogas, sobretudo nas famílias, para Igrejas no apoio e ajuda na recuperação de dependentes químicos.
Esta é sabidamente uma questão de ordem pública, que tem destruído famílias, por isso, existem louváveis iniciativas, especialmente as denominadas Casas de Recuperação de Dependentes em Drogas, como a “Casa Viver”, instalada em Costa Barros, Rio de Janeiro/RJ, organizada pelo Movimento VIVER (http://www.movimentoviverjmn.org.br), liderado pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira; e outras, públicas ou privadas, religiosas ou seculares, e algumas Igrejas, de variadas denominações cristãs, já tem se destacado inclusive por envolver-se em alguns movimentos sociais em prol da comunidade, em lugares altamente necessitados, que, pela atuação de voluntários religiosos, inclusive dependentes recuperados, tem se transformado em Cristolândias, beneficiando pessoas por todo o país, numa atuação efetiva da sociedade civil organizada pela mobilização contra a violência no Brasil, neste caso no enfoque ao resgate de vidas das drogas, lícitas ou ilícitas, seja também atuando na prevenção do uso, que, não é a única resposta, mas tem sido uma das mais eficazes, inclusive respaldada pela academia, através de trabalhos de pesquisa publicados.
No livro “Crack e exclusão social” de 2016, organizado por Jessé Souza, e publicado pelo Ministério da Justiça e Cidadania, Brasília/DF, que após analisar vários projetos e programas, inclusive laicos, existentes no país, cita o Programa Cristolândia como exemplo de programa e forma de trabalho para recuperação para usuários “O “Programa de Deus” para o sujeito é total. Esse quadro fica claro quando analisamos a instituição de recuperação de usuários de crack, a Cristolândia, um braço da igreja batista. A Cristolândia funciona como uma rede nacional de “postos de socorro” destinados a usuários de crack, o que acaba por atender também usuários de outras drogas que também se encontram em posição de extrema vulnerabilidade, e uma parte considerável desses é formada por população de rua. A esses são oferecidos alimentos, roupas, acesso a higiene, primeiros cuidados, como também assistência religiosa e “psicológica”, por meio de cultos, palestras (“testemunhos”) e conversas. Nesse sentido, a Cristolândia funciona aos moldes de um programa de redução de danos, no qual não há internação, mas busca-se aliviar os efeitos mais degradantes gerados por esse estado de vida, e abrir possibilidades para uma terapia mais intensiva.”.
Fonte: O Direito Nosso de Cada Dia ©