Jubileu de porcelana profissional na advocacia

Há pouco mais de dez anos participei de uma semana profissional proferindo palestra para alunos da 8ª série do Ensino Fundamental, onde os alunos puderam ouvir variados profissionais que atuam na sociedade, e que dependem de cursar uma faculdade, tais como: médico, professor, advogado, engenheiro, administrador etc, visando proporcionar-lhes uma ótica de como é o dia a dia de uma das atividades representadas, no afã de facilitar sua futura escolha profissional.

Ao falar-lhes sobre a escolha do curso de direito, pude compartilhar um pouco da paixão pela advocacia, do exercício diário de atendimento a clientes, elaborando diversos tipos de petições, verificando o andamento de processos nos cartórios forenses, trabalhando em audiências junto aos juízes, estudando processos, lendo livros de direito, participando de eventos onde se debate o direito e a justiça, fazendo cursos de aperfeiçoamento profissional, ou mesmo envolvendo-me com colegas advogados visando o fortalecimento da OAB etc.

Registrei junto a eles que, em que pese não ter na família nenhum advogado, de ter que estudar a noite, trabalhar de dia para pagar os cinco anos na faculdade, foi possível concluir o curso de direito, fazer a pós-graduação e ser professor universitário.

Após este compartilhamento, que trago a tona nesta celebração de Duas Décadas de Exercício da Advocacia – Jubileu de Porcelana, um aluno encaminhou por escrito uma pergunta com três indagações, que mesmo já tendo ministrado palestras, conferências, workshops, seminários, simpósios etc, por todo o Brasil, ainda não havia sido inquirido com tamanha profundidade.
O questionamento do aluno da 8ª série do Ensino Fundamental trouxe três vertentes: 1ª – Se eu já havia perdido alguma causa?, a 2ª – Como eu havia me sentido?, e a 3ª – Como eu havia me explicado para o cliente?.

As respostas dadas, à época, permanecem para mim como uma espécie de norteamento profissional, eis que, continuam e continuarão funcionando como padrões de comportamento na atividade advocatícia.

Com tranqüilidade pude responder as questões encaminhadas: 1ª – Se eu já havia perdido uma causa?. Disse que sim, não só uma, mas várias causas, tendo, entretanto, ao logo da carreira, à época, próxima de completar dez anos, ganho mais que perdido, inclusive orientando o cliente na melhor hora de efetuar um bom acordo, e se assim não fosse, enfatizei, que questionaria a vocação que entendo ter recebido de Deus, e, se fosse o caso, o teria buscado para orientação para atuação em outra área profissional.
A 2ª intervenção – Como eu havia sentido a perda da causa?. Pude responder que não havia gostado, na medida em que, só assumo o patrocínio de causas quando estou convencido que existe possibilidade de sucesso, mas que tinha a tranqüilidade de ter feito o meu melhor, que às vezes não é o suficiente, inclusive por minhas limitações profissionais, mas sempre com a consciência do dever cumprido.

Complexa foi a 3ª pergunta – Como eu explicava para os clientes as derrotas?. Disse-lhe não tinha qualquer dificuldade, pois não havia assumido compromisso de ganhar a ação, e, aproveitei a oportunidade para dizer aos alunos que a atuação do advogado é uma atividade meio, ou seja, ele não é contratado para ganhar uma causa, e sim, para reivindicar ou defender um direito, sujeita a um resultado imprevisível de uma ação judicial, eis que este depende de variáveis que fogem ao controle do profissional de direito, seja com relação ao cliente que não obteve a tempo as necessárias provas, seja com relação às provas da outra parte, seja com relação a posição jurídica do juiz que vai examinar a causa etc.

Este é um fato ocorrido, como dito, há pouco mais de uma década, deu-me a oportunidade de compartilhar uma visão da atuação na advocacia com os leitores que tem nos honrado com a atenção as nossas singelas contribuições jurídicas, pelo que, agradeço a Deus estas mais de Duas Décadas de Jornada Profissional – Jubileu de Porcelana, pois foi em agosto de 1986, ainda como estagiário, que assinei minha primeira petição, ou seja, há quase 22 anos, cumprindo neste tempo o Ministério de Atalaia Jurídico, pelo que somos todos tão somente cooperadores do Reino, que é de Deus.

Gilberto Garcia é advogado, pós-graduado e mestre em direito. Professor Universitário e Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – Rio de Janeiro. Consultor Jurídico Eclesiástico e Autor dos livros: “O Novo Código Civil e as Igrejas” e “O Direito Nosso de Cada Dia”, Editora Vida, e, Co-autor da Obra Coletiva: “Questões Controvertidas – Parte Geral do Código Civil”, e “Novo Direito Associativo”, Editora Método, e ainda, autor do DVD – Implicações Tributárias das Igrejas, Editora CPAD. Site: www.direitonosso.com.br